sexta-feira, 15 de junho de 2012

Teoria da Congeminação

Ainda não consegui descortinar se os homens não nos ouvem ou se realmente não nos percebem.

Se já comprovei que há espécimes que me dizem que compreendem claramente e na altura em que o têm que aplicar falham redondamente....  há outros que olham para nós na versão masculina da Maria Madalena como se nunca tivesse mencionado tal coisa.

Por experiência própria comprovo que a maioria da minha amostra se comporta como “alternadora”. Ambas as facetas: “do saber à prática ainda vai muito” e “sou um santo e juro-te a pés juntos que nunca ouvi tal coisa na minha vida” estão activas e mas são aplicadas singularmente em cada assunto.

Sei que não se trata de uma fonte não poluente mas parece uma fonte inesgotável no espécime masculino.



O mais caricato é que é completamente usado com fim recreativo pela espécie, uma vez que se nos ouvissem à primeira a fonte cessava.
Portanto é algo feito com empenho, vamos dar-lhes o devido mérito.

O que está em causa é a maneira como cada sexo utiliza o seu tempo livre.
Nós nisso não estamos inocentes, aplicamos todo o nosso tempo livre a tentar carregar-nos entre nós de defeitos.
Eles, por sua vez, aplicam o seu tempo livre na tentativa de nos enlouquecer e tentar convencer-nos que alucinamos e ouvimos vozes.

Estamos condenadas à nascença. Temos que lutar contra os que nos enlouquecem e contra os que nos difamam ao mesmo tempo.
É uma luta infernal, não podemos baixar as armas nem em casa! Sempre alerta!
É desgastante e vamos eventualmente, mais cedo ou tarde com base na obstinação de cada uma, cair para o lado “Zombie” ou “em autogestão sem mostrar qualquer tipo de sentimento”.

... ou então tudo o que me rodeia é ficção projectada só para me testar em situações limite.
Vocês não existem, só reagem de forma ensaiada para me colocarem numa situação qualquer que andam a estudar sobre o meu comportamento.

Como europeia, qualquer treino é bom para ser uma potencial geradora de teorias da conspiração anti-americanas.
Contratem-me s.f.f e adeus Brutus.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A gaveta

Quem pensa que uma mulher é o que é ou tem 18 anos ou é desatento.
Uma mulher é a mulher, dezenas de frascos e alguns aparelhos.

O processo de passar a noite fora é para nós uma imensa dor de cabeça.
“Queres ir para o duche?”
Bom, até ia se tivesse cá: o meu hidratante de dia, o meu hidratante de olhos, o meu champô para cabelos quimicamente tratados, a minha máscara para pontas ressequidas, o meu leite corporal para pele sensível e o meu secador de cabelo. Isto resumindo a coisa ao estritamente essencial.
A quantidade de homens que não tem secador de cabelo em casa ronda os 85% (sim, também fiquei impressionada com este dado).

Para uma romântica como eu é horrível constatar que temos uma opção a tomar... ou parecemos umas pudicas e dizemos que temos que ir para casa ou vamos ser vistas no nosso pior.

Numa relação de algum tempo, até pode ser querido mas na fase da descoberta pode ser um factor diferenciador entre o “one night stand” e a relação com futuro.
Não estou a dizer que são os factores meramente estéticos de condicionam o progresso da relação.
Aí é que as mulheres pecam, o nosso à-vontade, ou neste caso a falta dele... é alterado pela falta de confiança com que ficamos quando não nos sentimos a 100%.
Infantil? Não, aos 18 anos ninguém pensa nisso... é uma coisa que “aparece” com o decorrer dos anos.

Como resolver este busílis?
A minha única hipótese é “técnica da gaveta”.
É vital, para que qualquer relação funcione a prazo... uma gaveta.
Uma gaveta para pôr frascos em tamanho “travel” que nos façam “mulherzinhas modernas” depois de sairmos do duche.
Desocupem lá algum espaço físico em prol da relação, nós precisamos dele.
Ah!... e nunca, nunca abram a gaveta na nossa ausência. É nossa e provavelmente nem iam perceber os itens que se encontram lá dentro.
É o nosso segredo... é a nossa “cena”... deixem.

@Annie Leibovitz

... aqui entra a questão do “famosa” carroça à frente dos famosos “bois”.
Na segunda vez que passamos em casa de alguém é legítimo “pôr coisas na gaveta”?
Sejamos realista, há relações de vários meses em que nenhum dos intervenientes sabe se namora ou não, uma gaveta não será o constatar que a relação é séria e alguém de casa a correr... ainda de cabelo molhado??

Ah! Homens não iludam.
As mulheres nunca vão pedir a gaveta. A gaveta tem que ser oferecida e pode ser um dos motivos que despoletam o famoso diálogo:
-       O que é que tens?
-       Nada!

Podem sempre contornar a questão ficando na casa do que requer menor “manutenção” mas se houver qualquer condicionante logístico e não abrirem mão de nenhum espaço físico, o mais provável é que os encontros vão ser esporádicos.

Na época das relações “light”, uma gaveta à disposição do parceiro pode pesar mais que uma bigorna.
A falta da gaveta pode ser uma bigorna lançada à cabeça do parceiro...
... impasse relacional...

As mulheres tendem a querer “classificar” a relação mais rapidamente que os homens.
Pela minha experiência, os homens ou querem classificar a relação nos primeiros dias ou raramente vão querer falar sobre isso.
Também há (cada vez mais) mulheres que fogem dos assuntos “gaveta” como do diabo e homens que têm a gaveta disponível há anos à espera que apareça uma ocupante digna do acto.

Cada vez as posturas homem-mulher se misturam mais e a realidade é que andamos cada vez mais confusos e inseguros sobre as “gavetas” que queremos ocupar.
Pode ser um bom factor de clivagem: “quero uma gaveta contigo?”.

sábado, 14 de janeiro de 2012

O respeitinho é muito bonito...

O respeito que alguém sente por nós depende apenas de uma pessoa, nós próprios.
Não vale a pena apontar o dedo a agentes exteriores, o respeito é determinado apenas pela nossa resistência individual.

Qualquer relação que valha a pena tem stresses. Esses momentos de tensão são as alturas onde definimos a dose de respeito que vamos receber.
Esta situação é bem mais complicada do que aparenta. Seria facílima se não existissem sentimentos pelo meio mas quando os há, não há soluções únicas e lineares.

A maior parte de vocês deve ter franzido o sobrolho nesta parte mas hipocrisia à parte, é facilmente comprovado pela experiência empírica. É comum perdermos o Norte neste assunto.


@afanador

Imaginem que fizeram porcaria da grossa, a outra pessoa exalta-se e diz coisas que fugiram ao crivo do socialmente correcto. Carregados de remorsos ouvem ordeiramente e não respondem... já foram...

Uma vez que se pisa a fronteira do respeito não há volta atrás e acreditem que a estrada da "falta de respeito" tem sentido único e a descida é íngreme.
Outro exemplo, estão KO por uma pessoa num momento negro e concedem-lhe "direitos extra". Como é que os tiram na "fase branca"?... foram...

Ficamos portanto numa situação complicada, entre a pessoa embirrenta e a intransigente e a pessoa subalterna e submissa, onde é que nos colocamos?
O doseamento só é aprendido, infelizmente, à custa de muitos erros e de algumas relações que nem queremos ouvir falar.
O facto de as querermos limpar rapidamente da memória tem mais a ver como o que permitimos que a pessoa nos fizesse do que com a pessoa em si.

O problema da "falta de respeito" é o sentido unívoco. Uma vez no "dark side" não se sai de lá. Podem dar a relação como concluída e não interessa se o parceiro tem o 9º ano incompleto ou a pós-graduação... a educação e o respeito não se relacionam com o nível educacional.

Não vos consigo ajudar mais, ainda ando às apalpadelas e a recolher experiências falhadas. Em breve serei mestre na arte do "timing" e da "dose exacta".
Só consigo dizer, quando mais rápido errarmos, mais rápido teremos "know how" para lidar com estes grandes detalhes.