quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O povo do "cafezinho"

Não me tentem enganar... hoje em dia, está mais que provado que os descobrimentos serviram somente para encontrarmos o caminho mais rápido para o café! Que se lixem as especiarias, o café é que faz movimentar a vida dos portugueses.

Quando falo com raparigas estrangeiras que vivem em Portugal a queixa é sempre a mesma, quantos cafezinhos é que são necessários para os homens portugueses "desbloquearem"?
Aposto que se falasse com rapazes estrangeiros a opinião seria semelhante.

Não há laços sociais que se construam sem o café, o café é o nosso cimento que cola qualquer tipo de relação.

Além disso, se quiserem ter uma ideia de diversidade humana, encostem-se durante uns minutos ao balcão de uma cafetaria e reparem na quantidade de maneiras diferentes de pedir um singelo café: escaldado, curto, cheio, italiana, abatanado, e alguns que eu própria não sei muito bem o que querem dizer...



Qualquer relação que se preze em Portugal começou após um ou vários cafés. Digamos que é o nosso preliminar...

Se a pessoa nos interessar, marcar um "cafezinho" é o próximo passo óbvio. Nunca, jamais, marcar um jantar sem antes passar pelo café, irá parecer um abuso... uma precipitação. Cada coisa a seu tempo...

Mas o acto do cafezinho não é assim tão restrito, nem sequer é necessário que se tome o dito café durante a cerimónia, pode ser uma imperial, um croquete ou outro artigo qualquer.

O que se toma ou come não é importante para o "ritual do cafezinho" mas o café (local) tem ser trendy. Queremos obviamente impressionar a pessoa com quem estamos, mostrando que conhecemos os locais da moda, estamos "por dentro"... O que leva a outra pessoa a pensar que a nossa vida social é fantástica.
Isto justifica porque é que o Chiado está cheio de casais depois das 18h, Chiado é cool seja-se hetero ou gay.

Quando nos reencontramos com alguém que já não vemos há algum tempo, a nossa primeira frase é "temos que tomar um cafezinho um dias destes"!
O próprio diminutivo que os portugueses utilizam para o acto (cafezinho) manifesta a ternura do ritual.

Serve para tudo, meter a conversa em dia, aprofundar amizades, começar relações, etc.

Aquece-nos o coração, conserta-nos a vida social e tudo isto a menos de 1 euro! Devíamos dar lições a outros povos de como nos contentar com pouco...

Mas esta previsibilidade tem os seus inconvenientes, se o estado quisesse controlar a taxa de natalidade em Portugal, mandava a ASAE fechar os cafés do país.
Isto preocupa-me, não pela natalidade... mas com a idade que tenho e com a quantidade de relações que já tentei começar, por esta altura já estou viciada em cafeína...

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Mentalmente subalternos

Há qualquer coisa de grandioso dentro dos portugueses. Talvez tenha ficado algum bichinho da altura dos descobrimentos.


Vemos essa grandiosidade, esse porte, quando os vemos desempenhar tarefas, segundo eles (repito, segundo eles), menores.

Uma das coisas que mais estranhamos quando visitamos um país estrangeiro é a diferença no atendimento. Isto é, excepto em países menos desenvolvidos ou conhecidos internacionalmente pela sua arrogância. Aí a diferença não é muita em relação a nós. A mesma antipatia, a mesma rispidez no trato...

Não me interpretem mal, não sou daquelas portuguesas que acham que o que é nacional é mau, pelo contrário, acho que os portugueses são dotados de características únicas que não se encontram noutros povos:

- temos uma audição selectiva, só nós conseguimos ignorar 500 "faz favor", "desculpe", etc. com alguma credibilidade. Se a pessoa em questão for um estrangeiro jurará a pés juntos que o empregado tem um grave problema auditivo. Só outro português conseguirá captar este dom!
- conseguimos passar, apenas com um olhar, uma expressão completa. Nomeadamente: "não me pagam para isto", "deve pensar que a minha vida é a sua", "tenho mais que fazer".
- criamos "pés chatos instantaneos", de repente, a velocidade de locomoção reduz-se para um terço.
- temos mais doenças incapacitantes que os outros países. O Benfica perder é uma desculpa perfeitamente plausível para não fazer nenhum o resto do dia.
- esticamos o tempo como ninguém, conseguimos gastar 12h numa tarefa que qualquer outro povo demoraria 4h.
- temos habilidade para o multitasking, conseguimos trabalhar e fazer vários telefonemas pessoais ao mesmo tempo.
- temos um azar histórico, conseguimos ter o azar de estar doentes apenas nos dias em que temos que trabalhar.

Além disso, por mais que hajam povos que nos tentem igualar, temos o nosso ar castiço que transforma tudo quase em comédia.

... Agora gostava que pensassem comigo...
Se somos "maiores" que a tarefa que desempenhamos, o que provamos quando nem essa desempenhamos como deve ser?

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Efeito soutien!

Hoje acordei, abri os olhos e "plim"... aconteceu.... neura!

Ainda não percebo bem este fenómeno. Ainda não aconteceu nada de dramático, passámos a noite a dormir e conseguimos acordar com um grunhido interno. Será o timbre do despertador? O lado para que dormimos virados?
Há quem diga que é a fase da lua mas este fenómeno não tem periodicidade mensal....
Há quem diga que é das hormonas mas isto acontece tanto a homens como a mulheres...

Enquanto não se resolve este mistério a única saída é atenuar este efeito.

Ao longo da minha existência aperfeiçoei o "efeito soutien".
"E o que é o efeito soutien?", simples, são uma data de coisas que têm efeito push-up para o nosso ânimo. Neste caso, não elevam o nosso peito mas elevam o nosso espírito!

Não nos vão colocar em "party mode" instantaneamente mas vão dar uma ajuda para ficarmos socialmente funcionais.
Cada pessoa tem os seus métodos... vou específicar os meus para dar uma ajuda... mas vão ter que desenvolver os vossos com afinco, são uma importante ferramenta para lidar com a lufa-lufa da vida moderna.

Os meus soutiens:
- Passear o cão: quando não chove a cântaros e a fera não está frenética...
- O vestido XPTO: "o vestido", não importa se estou em Fat ou Slim day, fica sempre bem e fashion... além disso, faz com que não tenha que pensar o que vou vestir...
- Músicas: aquelas músicas que nos arrastam para cima! Uma das minhas preferidas é o debaser dos Pixies, sempre foi um mistério para mim porque é que uma música baseada no filme "un chien andalou" me deixa tão bem disposta... Well...
- Amigos push-up: tenho vários, não vá o diabo tecê-las e ter vários dias destes de seguida, vou variando. Se tivesse só um e várias crises de seguida era considerada neurótica-depressiva...
- Actividades push-up: depende muito dos dias, pode ser ir a um museu ou passear a pé.... depende, depende... há neuras e neuras... (enfiar a cabeça debaixo do edredon não conta, ok?)

Agora há coisas que convém evitar a todo o custo:
- COMPRAS, never!  É aqui que aparecem aqueles artigos que nos arrependemos até hoje de ter comprado! Os verdadeiros esqueletos do armário, que nos assombram com as etiquetas brilhantes!
Se tiver mesmo que ser, escolham lojas que façam devoluções e não trocas!... ou então comprem lingerie, aí os impactos de compras por impulso são muito menores. Além disso, uma bonita lingerie é um óptimo push-up (nos vários sentidos da palavra!).

- CABELEIREIRO, never ever! Cortar, pintar, etc... o cabelo é uma péssima "éssima" ideia.... Escuso de desenvolver esta ideia porque já deve ter surgido na vossa mente 50 imagens assustadoras...

Costumo dizer que um soutien push-up prolonga o sorriso (quero dizer, o nosso próprio sorriso, ok?) portanto é só aplicar isso aos outros pontos da nossa vida!!!

PS: Não consigo converter este post para homens, não encontro uma boa analogia para "soutien push-up" aplicado ao sexo masculino. Sorry, fica para a próxima...

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A aliança secreta

Quando olhei para os lados para avaliar a minha "semi-corte" de pretendentes apercebi-me, com pavor, da seguinte realidade: ou são mulherengos... ou estão emocionalmente escavacados...

É esta a realidade da vida sentimental de uma mulher na casa dos 30s. Já não há jovens idealistas a cortejarem-nos, só há homens que passaram por separações tortuosas ou que desistiram de encontrar a alma gémea.
Mentalizem-se, se fosse um filme, a vida sentimental de qualquer mulher na casa dos 30s passava-se num aeroporto... Estão todos carregados de "bagagem"!

Se na adolescência recebíamos (nunca percebi bem porquê) peluches, nos 20s recebíamos rosas... Nos 30s recebemos SMS com desculpas esfarrapadas sobre o motivo pelo qual não estão no sítio onde deveriam estar...

O nosso sentido para detectar desculpas pouco credíveis aumentou, mas a astucia de inventar desculpas novas também!
Apurámo-nos, desde a altura que inventávamos trabalhos de grupo para chegar a casa mais tarde mas mudando os intervenientes, está tudo mais ou menos igual...

Já não chega estarmos alerta, temos que estar permanentemente em posição de ataque!


Contrariamente ao que os homens julgam, hoje em dia as mulheres dos 30s já não têm tempo para atacar outras mulheres. Por amor de Deus, temos que ter uma carreira, uma casa para por em ordem, algumas de nós têm filhos e para ajudar temos uma vida sentimental confusa...

Quem tem tempo para procurar inimigos invisíveis? Os reais já nos dão pano para mangas...

No fundo, acho mesmo que desenvolvemos uma espécie de secreta compaixão pelas outras outras mulheres.
Analisamos a nossa vida caótica e pensamos: "coitada da X, eu pelo menos não tenho 3 filhos!"

Ao contrário da geração das nossas mães, já não olhamos para a mulher com quem o nosso parceiro nos trai como a pistoleira que nos atacou o lar mas como a mulher que nos ajudou a fazer ver o escroque que tínhamos ao nosso lado.

Já não perdemos grande tempo a carpir... Somos a geração "move on or move over".

Tenho que admitir que nos 20s até podíamos medir umas com as outras o nosso poder de sedução mas nos 30s... Que se dane, só queremos cumprir a nossa "to do list" do dia.
Sedutoras? Sempre... mas mais para esconder que também nós envelhecemos do que para gladiar homens com a vizinha do lado...

Well... Há sempre algumas trintonas que ainda insistem em medir forças com as outras mulheres... digamos que deve ser o equivalente ao sindroma "Peter Pan" para mulheres... Hmmm... Sindroma "Sininho"?

sábado, 15 de janeiro de 2011

És Deus!

Acabei de te promover oficialmente a Deus. Achei por bem que soubesses.

Quer dizer, estás entre o Deus e o Diabo... Ainda não decidi bem.
Uma coisa te garanto, para onde quer que vá, para onde quer que olhe... Vejo-te. Portanto, atribuo-te a omnipresença, logo, deves ser Deus.


Como míope, estou habituada a reconhecer as pessoas ao longe pelos tons de roupa que usam e pela postura... Engraçado, não fazia ideia das pessoas que usam as mesmas cores que tu e que também projectam a cabeça para a frente.

A duvida em relação a seres Deus ou Diabo é porque não te quero ver. No entanto, tento passar por todos os sítios onde podes estar... Estou ainda a tentar processar se te ver é uma bênção ou uma punição... Enquanto não decido ficas aqui, ao pé de mim... Na indecisão.

Também és omnisciente, estás sempre a "correr em background" na minha cabeça. Não há shutdown que resolva isto, voltas sempre.
És o fantasma do meu disco rígido, passaste oficialmente para o domínio da informática esotérica...
Falo como os teus amigos sem nunca mencionar o teu nome em vão... Não sei bem porquê mas faz-me sentir melhor...
Deve ser exactamente o mesmo que os crentes sentem quando falam com os padres, como os padres estão próximos de Deus, eles também se sentem mais "chegados"...

Estar contigo faz-me bem e mal... És o meu porco agridoce, o problema é que deixei de comer carne há 16 anos.
Portanto, para além de tudo o que já descrevi anteriormente, ainda levas o rótulo de indigesto...

Tento passar pelos pecados todinhos, ou pelo menos pelo que tu consideras pecado, só para imaginar o teu ar soberano de reprovação. Só podes ser Deus para ser tão bem comportado, pelo menos é o que tu achas.
Se fosses Deus eu não tinha vontade de só fazer o bem? Ah! Então és o Diabo...

Olha enquanto não decido onde te coloco ficas aí, no limbo... Espero que gostes!... ou não... Estou-me nas tintas... ou não...

...e desaparecemos todos num puff de lógica... (referência a douglas adams -  hitchhiker's guide to the galaxy)

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Quem cisma são os burros!

As mudanças de opinião são importantes!

Nunca percebi porque é que as pessoas vêem com tão maus olhos estas mudanças. Ok, não concordo que se mude de opinião por "dá-cá-aquela-palha", mas quando nos apercebemos que estamos errados, mudar parece ser a única saída possível.

Rio-me para dentro quando a meio de uma conversa alguém berra furiosamente "não tinhas essa opinião antes!", como quem diz "apanhei-te!".
Há sempre pessoas dispostas a gritar "inconsistência!".

Para mim, inconsistência não é mudar de opinião, inconsistência é ter uma opinião e não saber justificá-la!


Quando me cruzo com alguém que me diz "vem cá os Red Hot Chili Peppers, vais vê-los? Tu gostavas deles, não era?" a minha resposta é "ui, onde é que isso já vai!".
Não me arrependo de um dia ter gostado de Red Hot, tenho que admitir que houve até uma altura que devo ter estado apaixonada pelo Anthony Kiedis, achava o Flea o máximo e comecei a gostar da atitude dos baixistas devido a ele!... Mas hoje em dia, os Red Hot passam na rádio e eu mudo de rádio... Sorry...

Eu mudei, os meus gostos mudaram... Milhares de vezes e Graças a Deus!!!

A mudança tem sempre qualquer coisa de desconhecido, de aventura... É como começar um caderno novo, com as folhas todas em branco e sem dobras nos cantos...

Assumo publicamente (por favor, não usem isto contra mim depois) que adoro que me dêem argumentos para mudar de opinião, é como se me desvendassem um atalho novo num caminho que costumava fazer todos os dias, já viram a gasolina que poupo?!

Normalmente meto logo na caixinha das boas conversas, trocas de ideias que no fim alguém ganha. Nem tenho que ser eu, o que interessa é que no fim ganhamos todos mais argumentos para justificar as nossas opiniões.

Não é obrigatório termos grandes justificações para as ideias que temos mas quando as temos o nosso cérebro fica arrumado, fazendo uma analogia com as lides domésticas, é como arrumar gavetas, ninguém aparentemente consegue ver essa arrumação mas dá-nos uma imensa paz de espírito!!

Sempre que alguém gritar na vossa direcção "antes não tinhas essa opinião!", respondam simplesmente "antes, eu andava de jardineiras e gostava!"...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Bad news!

É com grande pena minha que anuncio o grunge voltou a estar na moda...

Por amor de nossa senhora, desta vez LAVEM O CABELO...



Obrigada!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Snifar ou não snifar, eis a questão...

Estamos completamente errados em relação à nossa frequência de banhos!!
Já não há nada a fazer, passou para o domínio do provado cientificamente.

Os seres humanos atraem-se com base no odor. A hormona responsável é a feromona. Agora chega a parte mais curiosa... De onde os cientista extraíram essa hormona?
Os cientistas extraíram as feromonas femininas da urina e as feromonas masculinas do suor. Portanto já sabem, os homens que queiram ser atraentes, por favor, evitem banhos... Mulheres, se quiserem bater a concorrência, urinem em tudo o que rodeie o "macho" da vossa eleição.

É nesta altura que os gays suspiram de alívio mas desenganem-se... O estudo provou que os homossexuais masculinos reagem como as mulheres ao suor masculino, o que explica em parte a política do Trumps em relação a deixar entrar toda a gente até ser mais fácil produzir suor do que andar....
Outro ponto curioso do estudo, foi que o mesmo não se passa com as lésbicas... Com lésbicas o estudo foi inconclusivo. Ou seja, a homossexualidade masculina é biológica mas a feminina não!?!?
Acho que têm material aqui para mais uns estudos...

E agora?
Se está provado que o nariz é que comanda a atracção e que no fundo, no fundo, andamos por aí a "snifarmo-nos" uns aos outros, o que fazemos?
Promovemos o nariz a obsceno?
Começamos a usar "narigueiras" por pudor? (com excepção das lésbicas, é claro!)

Realmente, expressões como "não metas o nariz onde não és chamado" passam a ter um novo significado... Justificam uma data de parceiros mal escolhidos... E até devia ser considerada erótica!
... E o que quererá dizer, segundo o novo prisma, "narizinho no ar"?

E quando estamos com o nariz entupido, deixamos de nos sentir atraídos pelas pessoas ou apenas escolhemos as pessoas erradas?

Então promovendo o nariz a símbolo fálico, o descongestionante nasal passa á categoria de lubrificante? e a bomba de água de mar passa á categoria de vibrador? Passam ambos a ser vendidos em sex shops.


Também há outro factor a ter em conta... O tamanho do nariz... (o tamanho é sempre um assunto delicado com senhores). O que quererá dizer um nariz grande? Um pinga-amor? Tem alguma vantagem competitiva na escolha de parceiros?

E os palhaços? Porque é que usam narizes grandes, redondos e vermelhos? Será que quem teve esta ideia não passa de um debochado?

E a história do pinóquio que nos contaram em pequeninos?!?! É uma sorte sermos mentalmente tão saudáveis.
Á minha frente está um senhor com um nariz enorme, pelo sim, pelo não... vou mudar de café...

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Especialistas versus Generalistas...

Este é um dilema muito pessoal que me "atazana" a mente desde que tenho memória: devemos conduzir o nosso conhecimento para um tema específico ou devemos generalizá-lo?

Sei, por análise, que os especialistas alcançam sempre o sucesso antes dos generalistas.

Como devemos escolher o objecto da nossa generalização? De repente "plim" só gostamos de música? De repente "plim" só gostamos de motores híbridos?... e estamos dispostos a dedicar a nossa vida a isso?

Devo ter vindo da universidade que mais especialistas forma por ano, o técnico. Não me refiro só às áreas técnicas... são especifícos por feitio.

- Será culpa do famoso "dom"? Alguém que descobriu o "dom" a tempo e horas e teve a sorte de se dedicar a ele...
- Será uma forma de autismo? só conseguimos ver e assimilar "aquilo"...
- Será que é a única coisa para a qual temos geneticamente jeito?
- será que quanto mais nos especializamos mais a nossa curiosidade se aguça para descobrirmos ainda mais sobre o tema?

Serão os generalistas, específicos que ainda não descobriram o "dom"?
Talvez os generalistas não consigam saciar a sua curiosidade apenas com um tema. Por mais que se goste de gambas, é possível que se goste de robalo e até de brócolos.

Não digo que seja impossível especializar-nos com sucesso em mais que um tema, dois talvez... mas para o fazer "como deve ser" devemos estar dispostos a abdicar de algumas importantes como: vida social, "me" time e até mesmo vida sentimental...

Assim-assim, podemos fazer milhares de coisas. Saber um bocadinho de tudo, sem ser o verdadeiro "sabichão". Para pessoas seriamente curiosas é este o caminho que aconselho a seguir... para pessoas mais metódicas, especialização, sem dúvida.
Também podemos ser "bonzinhos" em dois ou três temas, agora "supra-sumo" acredito que só num...

O que me consola é que os "supra-sumos" que conheço se convertem num instante em workaholics e aí a única paixão ou fogo provém do objecto de especialização... e é tão bom ficar assim, a sentir calor de várias frentes...

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Muletas Sentimentais

Acho que entre todos os vínculos de relações humanas possíveis há um que tem sido negligenciado e esquecido ao longo dos tempos.
Não pensamos neles mas no fundo eles dão mais afecto que os amantes e mais suporte que a família. São bem mais que amigos, são uma sub-categoria de amigos que devia ser promovido a uma categoria por si. São as chamadas "muletas sentimentais". 

São aqueles supra-amigos que estão nas alturas mais díficeis para nos agarrar a mão e oferecer o ombro ou o colo.
Com eles não temos vergonha de assumir as nossas fraquezas e de dizer que estamos mesmo "lixados" com "F" grande.
Podemos passar meses sem lhes dirigir a palavra mas na altura do sufoco é como se estivessem em speed-dial no nosso telefone, são a nossa primeira opção.


Não sei se vos acontece o mesmo que me acontece a mim, tenho amigos da altura do colégio que vejo algumas vezes no ano. Com esses amigos é como se não quisessemos estragar a fotografia que eles têm de nós de há décadas atrás. Esses estão completamente fora dos nossos fracassos sentimentais ou profissionais, para eles queremos sempre mostrar uma aura de sucesso e de auto-confiança. 
Se eles acreditarem que temos sucesso, é como se aquela jovem idealista que achava que conseguia mudar o mundo com um estalar de dedos, ainda existisse algures...

Mas há sempre os amigos do infortúnio, aqueles que tem um carisma qualquer que nos faz desabafar "o que nos vai na alma" logo a seguir ao bom dia.
Como eles não há medos estúpidos, fraquezas vergonhosas ou inseguranças infantis...  não há julgamentos, nem rótulos... apenas uma compaixão que não nos faz sentir fracos.

Precisamos dos amigos para nos convencer a nós próprios que somos fabulosos mas precisamos das nossas "muletas sentimentais" quando estamos demasiados cansados para fingir...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Geração i (*ai*)

A coisa mais espantosa que nos aconteceu nos ultimos tempos deve ter sido as i"Stuff". iPhone, iBook, iPad encheram o nosso léxico de palavras, que apesar de começarem por *ai*, nos enchem de prazer.

Os romanos diziam que o povo precisa de pão e circo, actualizando a frase aos termos actuais, o que o povo precisa é de cupcakes e gadgets electrónicos.


São das relações mais puras que temos, apesar de "crasharem" com alguma frequência e também fazerem coisas completamente inexplicáveis, somos nós quem decidimos a altura de fazer reboot, shutdown ou upgrade.

Curioso, ao contrário dos nossos pais que acabaram por fazer uma revolução, devemos ser das gerações mais precárias que existiu mas viramo-nos do avesso para adquirir a nova versão de telefone que usamos como "prova de status" mesmo ao lado do livro de recibos verdes.

Ainda ontem falava isso com uma amiga, há uns anos atrás, a ideia de ficar num emprego convencional com horários rígidos e a sua consequente estabilidade, assustava-nos. Hoje em dia, a ideia de "estabilidade" já não nos parece assim tão má.
Mesmo nas relações, por mais que o marasmo nos invada, damos por nós a ponderar se a estabilidade não é preferível ao desconhecido.

No meio da nossa parafernália electrónica damos por nós a amedrontar-nos cada vez mais. A resignarmo-nos aos nossos *ais* com medo que o desconhecido nos traga *ais* ainda maiores.
O nosso disco rígido está cada vez mais cheio de "fragmentos", acumulados durante a nossa vida, devido a medos desenvolvidos por excessivos ataques ao nosso idealismo.
Aliás, o idealismo hoje em dia, vale tanto como um telefone de segunda geração. Pensamos que só nos leva a dissabores ou ao desemprego...

Da veia revolucionária dos nossos pais não nos sobra muito, apenas umas quantas conversas café com amigos mais chegados.

Espero que as gerações futuras tenham um upgrade em relação à nossa, que passem de geração i(*ai*) a geração y(*why*).

Blog updated via iPad

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

ás de Copas

É mesmo necessário um certo grau de casualidade para manter o fogo numa relação?
Será que se procurarmos algum tipo de compromisso cedo de mais, acabamos por comprometer a intensidade da relação?

Podemos viver romances livres de amarras durante algum tempo, acho que isso todos conseguimos... mas a maior habilidade está em saber a altura exacta para virar o jogo e tentarmo-nos comprometer.
Se for cedo de mais extinguimos a chama mas se for tarde de mais a unica saída é o gameover.

Talvez as relações actuais se assemelhem cada vez mais ao poker. Se a casualidade é necessária, temos de saber quando "ir a jogo", quando "passar" e até quando fazer "all-in". Tudo tem que ser feito na altura exacta antes que as fichas se esgotem.
Minúcia, minúcia... my friends e um certo grau de bluff....


Estes dilemas conduzem a mais uma questão, quantas vezes podemos "ir a jogo" sem sermos considerados "fáceis"?
Como "criaturas urbanas" devemos preocupar-nos com isso?

Conseguimos passar a vida a arriscar mas essas tentativas comprometem mesmo a nossa probabilidade de vitória nas "mãos" seguintes? Hoje em dia? Para ambos os sexos?

Isto talvez explique o numero de pessoas que existe em "burn-out emocional", consumiram-se na incerteza do "como?" e do "quando?".

domingo, 2 de janeiro de 2011

United States of Loneliness

Quanto mais penso na solidão mas sei que não tem nada a ver com pessoas...
Normalmente pensa-se: uma pessoa sem a presença de outras está só! Na minha opinião, não há nada de mais errado...


Quantas vezes não nos aconteceu, estarmos rodeados de pessoas que apreciamos mas existe qualquer coisa que nos faz sentir sozinhos... no meu caso, com uma súbita necessidade de estar noutro sítio qualquer que não aquele...
Noutras alturas, estou em casa, tiro o som do telefone e fico deliciada em passar a noite com um livro e um pint de gelado.


Recentemente, e pela primeira vez na minha vida, estou numa casa sozinha. Em algumas noites, tenho que confessar, que senti uma solidão tão espessa que vesti o casaco e fui para a rua. Contudo, nessas alturas, mesmo que tivesse alguem ao pé de mim teria sentido a mesma angustia.
Do que me lembro, não é bem a sensação de solidão mas de sensações combinadas. Talvez solidão misturada com vulnerabilidade e uma pitada de impotência.
Há dias que só nos apetece fugir, passeamos nas ruas mas temos um pensamento secreto que as pessoas que se cruzam connosco são apenas figurantes contratados, não existem, limitam-se a passar para a frente e para trás.... pensamos que se estivessemos nus provavelmente continuariam a passear para a frente e para trás impassivelmente.


A solidão também pode ser reconfortante, quer estejamos sozinhos ou no meio na multidão, às vezes sabe bem perdermo-nos no meio do nosso cérebro. Embrulharmo-nos nas nossas emoções, misturar tudo e talvez, quem sabe, tirar fantásticas conclusões de coisas que nunca esperávamos resolver.


Penso que não vale a pena procurar a solidão entre quatro paredes, ela pode estar em qualquer lado, dentro de um quarto ou no meio de um centro comercial. 
A solidão é mais um estado psicológico do que físico. Nunca sabemos quando pode atacar, por vezes ataca em momentos completamente inesperados outras vezes fica um pouco e transforma-se, não num estado passageiro, mas numa fase...
Podemos mexer-nos à vontade, ela não depende de lugares nem de companhia...

Séneca resumiu o estado de uma forma maravilhosa: Sentir solidão não é estar só, é estar vazio.