domingo, 31 de julho de 2011

A "quebra do feitiço"

Na fase inicial a paixão é um conto de fadas.
Está provado que a mãe natureza abençoa o início das relações. Como?
No início da paixão o nosso cérebro bloqueia o nosso espírito crítico em relação aos nossos parceiros. Ou seja, ficamos ceguinhos e nada parece mau na pessoa amada.

Passado este período de "transe", o feitiço é quebrado e vem o "stress real" da relação.

Os pequenos hábitos, aos quais no início até achávamos graça, subitamente perdem a piada. Perdemos a vergonha de dizer o que gostamos menos e aparecem as primeiras discussões.... não são bem discussões, chamemos-lhe um "medir forças".

Na verdade, ambos queremos saber o quanto a pessoa gosta de nós - e o que é mais maquiavélico - até onde o nosso querido está disposto a abdicar de coisas por nós.
Não consegui descobrir efectivamente se com os homens se passa o mesmo fenómeno mas pela minha experiência pessoal... sim.... sem sombra de dúvida.
@Helmut Newton

Estará ele disposto a abdicar do jantar semanal com a mãezinha para vir ao cinema connosco? Nós versus "a sogra", em que posição é que ficamos? Quem diz a sogra, diz os amigos, familiares, colegas, cão, gato, periquito, etc. Enfim, queremos saber exactamente qual a nossa posição no ranking de afecto.

Assim, visto de fora, parece óbvio que o mais inteligente seria deixar a coisa ir por si mas no calor do momento não há outra saída, temos que colocar as garras de fora e tirar a coisa em pratos limpos. Quanto mais deixássemos a coisa andar, mais probabilidades de ficarmos bem cotados no ranking... mas enfim...

A quebra do feitiço para mim assemelha-se a um apagar de um fogo... mas em vez de usarmos cobertores, terra ou espuma... utilizamos água.
Faz um vapor de água danado, faz barulho e deixa-nos os olhos turvos.

Na fase de "quebra" são possíveis os seguintes cenários:
- a pessoa está bastante aquém das nossas expectativas e não lhe vemos gracinha nenhuma... a relação fica por ali. Evitamos os sítios onde essa pessoa pode estar e temos uma vergonha secreta de nos termos "enrolado". Culpamos os factores externos como: o álcool, o stress, a ocasião, entre outros maravilhosos e pouco credíveis argumentos.

- a pessoa está aquém das nossas expectativas no afecto que demonstra (no fundo é só uma questão de posição no ranking). É aqui que começam as discussões, lamúrias e chantagens emocionais. Enlouquecemos, tornamo-nos neuróticas possessivas e necessitamos imediatamente de um valente par de estalos. As piores relações começam quase sempre desta maneira.

- a pessoa iguala ou supera as nossas expectativas, continua um certo fogo, digamos uma fogueira. Já não é um fogo potente que encandeia e sufoca mas uma coisa perfeitamente saudável para usufruir do dia-a-dia. Aquece, reconforta mas não chateia. Pode começar a pensar-se num hipotético futuro, porque o futuro até parece risonho. O sorriso nos lábios mantém-se e a sogra até é amorosa.

Aconteça o que acontecer, é na fase de quebra do feitiço que se traça o futuro da relação... Penso, quase garanto, que é importante desenhar este período a régua e a esquadro.

Alguns t.p.c.'s, incluem:
- Anotar as pequenas coisas que com o tempo  se podem vir a tornar um problema - conseguimos viver com elas ou são insuportáveis?
- Avaliar a proximidade do nosso amado com as pessoas que não gramamos nada - vamos conseguir despender essa quantidade de tempo com esse "asno"?
- Determinar o grau de dedicação ao emprego: pressupõe viagens frequentes? muitas noitadas? vive cercado de loiras tentadoras e disponíveis? - estes factores serão dores de cabeça pelo menos 8h/dia.
- Qual o ritmo de vida e os objectivos para o futuro? - caso não tenham objectivos comuns, vale a pena o esforço do ajuste dos nossos objectivos?
- Gosta mais de campo ou de cidade? - ritmos diferentes de vida, a longo prazo, são um grande problema.
- Gosta mais de cães, gatos ou nenhum das anteriores? - porque sim!

Podemos responder com detalhe e rigor a todas as perguntas, avaliar o impacto no futuro e verificar se é uma coisa com a qual podemos "viver com"... mediante algum esforço...

 ... ou então, podemos fazer o que a maioria das pessoas fazem... deitam tudo pelos ares e apaixonam-se pelas pessoas erradas... vezes sem conta, sem qualquer ideia de futuro...

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Poupadinhas

Há uma coisa que sempre me fez espécie. Observei este comportamento desde a minha infância mas também é compreensível, cresci com especialistas...

Tanto a minha avó como a minha mãe pertencem à realeza de uma estirpe a que chamo "as poupadinhas".

As poupadinhas são o mais próximo que temos das mulheres primitivas. Agora, em vez de recolherem bagas, recolhem serviços Vista Alegre e copos de cristal. Em vez de preencherem os buracos da gruta, preenchem louceiros e móveis de preciosidades que só vêem a luz dos candeeiros da sala de jantar uma meia dúzia de vezes na vida.

@Annie Leibovitz

Toalhas bordadas à mão, rendas que faziam parte do enxoval... nunca compreendi este conceito...

Mas estes itens melhoravam a qualidade de vida? Não, não é para isso que estes artigos são coleccionados.
As "peças estrelas" não são só objectos decorativos, são "objectos de posse", é importante sentir que os têm mas apenas podem ser utilizados caso hajam visitas em casa ou caso seja um dia festivo.

No dia-a-dia quanto mais se poupar melhor... IKEA serve perfeitamente. Uma dúzia de copos 1 euro? Pode ser... mas para as visitas... luxo e pompa.

Será que querem iludir os outros que "lá em casa é sempre assim"?

... e porque é que as visitas esporádicas tem melhor tratamento que os "clientes frequentes"?
Não devia ser precisamente ao contrário?

Penso com carinho no serviço de talheres de pratas que os meus padrinhos e os meus pais coleccionaram com tanto afinco durante a minha infância. Quando eu queria um bem perecível, como uma barbie, recebia o garfo e faca de peixe!

Neste momento, o fantástico serviço, que ocupa um espaço descomunal, está trancado numa arrecadação qualquer porque não cabe na maioria das casas actuais.
Também não estou a ver muitas mulheres modernas a saírem dos empregos a tarde e a más horas e começarem a arear as pratas...

Prefiro 200 vezes a história do penico de ouro do Gabriel Garcia Marquez... ao menos era usado...

Sem querer dizimar aqui todos os ícones clássicos, outro conceito inexplicável é a "roupa de andar por casa".
Se a casa é onde abandonamos as máscaras e libertamos o nosso verdadeiro eu... porque é que esse "eu" tem que ser maltrapilho?

... Isto nunca se aplica com visitas. Nunca! Para as visitas sempre o nosso "melhor ar".

Se o lema se aplicar: a minha casa é o meu reino, não coroem outra pessoa que não seja vocês próprios.
Vá lá! Toca a abrir a cristaleira e vestir o melhor vestido de noite... a pizza deve estar quase a chegar...

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Queres tempo? Dou-te 1 segundo!

Baralha-me a ideia de "dar um tempo".

Numa sociedade em reboliço como a nossa, em que tempo é o bem mais-que-precioso, dar um tempo pode custar mais que diamantes.

Normalmente, as pessoas sensatas dão um tempo. É cool. Mostra maturidade, necessidade de reflexão e uma vontade de organizar sentimentos.
Portanto, tudo o que uma pessoa devia ter: maturidade, atitudes reflectidas e sentimentos esclarecidos.
BRAVO!
... para mim... treta!

Dar um tempo é uma perda de tempo. Tempo, que poderíamos estar a usar para orientar a nossa vidinha... mas não, preferimos ficar em estáticos, em stand by.

Não tenho alma de pudim francês, a noção de banho-maria não me agrada.

Não vou ficar na prateleira, como um ursinho de pelúcia bem comportado, até decidirem se querem continuar a brincar comigo ou se me vão ceder aos "pobrezinhos".

Sou resolvida:
Gosto = Gosto
Não gosto = Não gosto
Gosto = Ando (ou luto por andar)
Não gosto = Acabo (ou não começo)
Não sei = Acabo, se fôr caso disso, volto (ou luto por reconquistar)

Não meto ninguém com a vida sentimental congelada.

@Salvador Dali

Além disso, o que quer dizer "dar um tempo"?
As regras não são explícitas. Em alguns casos envolve exclusividade mas há milhares de pessoas que argumentam que o que fizeram não conta como traição porque estavam a "dar um tempo".

Portanto, se o compromisso "continua activo" ou não, depende da interpretação de cada um.
Muitas vezes (ou quase todas), quem pede um tempo quer exactamente isso... "dar umas voltas" sem ter que abdicar da pessoa com quem estão... honesto... portanto...

Noutras alturas, a sugestão é atirada como uma espada, no meio de uma discussão, (tipo "bluff") e a resposta da outra parte é "talvez seja melhor".
Exactamente o contrário do que a pessoa que lançou o repto pretendia. Engole-se o sapo e liga-se no dia seguinte como se nada fosse, pelo menos até à próxima discussão...

Há também quem não tenha intenções nenhumas de voltar, apenas falte a coragem necessária para mandar a relação para as "pastagens eternas".
Normalmente, nestas circunstâncias, a outra parte agarra-se à ideia de "dar um tempo" com esperança. A esperança de que seja apenas insanidade temporária...

Qualquer que seja o motivo, há sempre qualquer coisa de passivo no conceito de "dar um tempo".
Antes de mais, não se pode lutar enquanto se está a "dar um tempo". Dar um tempo implica distanciamento.

Pessoalmente, eu não estou a ver um filme. Não posso carregar no "pause" e assistir ao resto mais tarde. Estou a viver uma relação e não se "pausa" sentimentos.

Quando se gosta, gosta-se... e temos um medo incomensurável de perder a outra pessoa. Não a deixamos "solta" para que alguém a "agarre".

Quem ama cuida e protege... não se afasta.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Porque é que as mulheres competem umas com as outras?

Porque é que as mulheres competem umas com as outras?

A culpa é dos homens ou das mulheres?

Na minha opinião a culpa (se é que se pode chamar de culpa), é da falta de know-how dos homens!

Ainda não percebi bem porque é que a evolução metrossexual foi travada... mas a nós, às mulheres, dáva-nos imenso jeito que proliferasse.

Se os homens soubessem mais sobre truques de maquilhagem ou de styling, já não entravam em  catatónia sempre que ligam a fashion TV.

Nós, para mostrarmos que não ficamos aquém das top models etíopes, passamos fome, gastamos rios de dinheiro em perfumarias e torramos o cartão de credito em roupas de autor.

Também acuso aqui a falta de criatividade dos homens... porque é que se limitam a ver-nos como somos?

Porque é que não vêem o nosso potencial? É obvio que entre nós e aquela lambisgóia, que insistem em achar o máximo, a única diferença é o tempo que demoramos a sair de casa.
Nós, bem produzidas, somos até bastante mais engraçadas.

@Richard Avedon

Por isso é que as mulheres olham com desdém para as operações plásticas.
É como se fosse uma batota no jogo. No fundo, a única coisa que queríamos era ser avaliadas assim que saímos da cama. Sem make-up, roupa fashion ou trabalho de profissional.

Mas se os homens exigem que sejamos Angelinas Jolies porque é que as mulheres não exigem que os homens sejam Brads Pits?

Os homens julgam pela imagem, as mulheres têm exigências diferentes: estilo, presença, sentido de humor, determinação, etc.

Ainda não consigo perceber bem quem é mais exigente...

Os homens querem namoradas para mostrar aos amigos, as mulheres querem "homens-ostra", onde a pérola é um segredo só delas.

Porque é que nós compactuamos em ser mostradas?

Se todas fizéssemos greve à produção, será que a mania passava?
Havia alguma fura greves?
A fashion TV acabava? A moda acabava?
As mulheres iam-se dar bem para sempre?

... mais importante ainda... Tinha graça?

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Racismo

Juro a pés juntos que não me entra o conceito de racismo...
Parece qualquer coisa do género: travar uma locomotiva com... uma pessoa (?)

Nesta aldeia global, o "ser" do futuro será moreno (proveniente de negros e árabes), obeso e flácido (proveniente da cultura caucasiana) e com os olhos em bico (proveniente da raça asiática)...

Qual seria a alternativa? Convertemos o ser humano em "ratinhos de laboratório" em que fazíamos um "isolamento de culturas"... brancos para um lado, pretos para outro, chineses noutro???
Querem travar a tendência??? Então serão a pessoa em frente da locomotiva...

@Lachapelle

Quem quiser que fique nesse mundo, eu gosto de andar livremente de um lado para outro... conhecer pessoas e cultura diferentes. Só isso me faz "abrir os horizontes" mentais em vez de ficar confinada à mentalidadezinha local...

Além disso basta abrir qualquer revista de moda para compreender que as criaturas mais bonitas do mundo provêm de uma grande "salada russa" de culturas.

Pessoalmente, estou-me nas tintas para a cor de pele impressiona-me muito mais a falta de educação. Isso sim tira-me do sério.
... e isso amigos, há em todas as cores e feitios.

A título de exemplo, em Lisboa fujo de todos os grupos de 20 pessoas que usem bonés, calças descaídas e que andem a gingar as ancas com a atitude "é tudo nosso".
O que querem?
Faz parte da evolução. Sei que passar ao pé deles a probabilidade de ser assaltada ou coisas piores é muito superior à média comum.

Também não me agrada passar ao lado de um grupo de "meninas da linha" porque sei que vou levar com aqueles olhares tipo "scan" que oscilam entre inveja, cochicho e risadas histéricas.
"Meninas da linha" é um tom de pele?

Para mim racismo assenta em critérios de comportamento, ponto.

Distinguir alguém pela "embalagem" é tão redutor como o comportamento das "meninas da linha". Para quem quer ser assim... força! Preparem-se é para levar com todo o meu "racismo"...

PS: ... e não me venham com merdas de não se diz "preto", eu sou caucasiana e toda a gente me chama "branca", inclusive já vi escrever no telemóvel "Alexa Branca" :P

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Reality will kill me

Para uma romântica inveterada como eu, nada me tira mais da "onda cor-de-rosa" do que uma boa dose de realidade.

Com tanta coisa real na vida, o emprego, as contas, as hipotecas, etc. quem precisa da realidade no amor?
Passamos 8 ou mais horas com pessoas que nos calham na rifa para trabalhar mas aquela pessoa com quem consumimos a cabeça a arranjar, afinar, conquistar e manter, umas parcas 3h por dia (se tanto).

Imaginem que essas míseras 3h são perdidas com máquinas de roupa, quem vai aos correios amanhã ou quem é suposto lavar a loiça... onde fica o espaço para o romance?
No estendal, nas burocracias e na pia?

Acho preferível comerem menos vezes fora e investirem o dinheiro numa empregada doméstica.
Conselho de amiga, não é "dondoquice", é uma necessidade real para salvar a relação.

Se cada vez que estivermos com os colegas de emprego falarmos de coisas "intelectualmente estimulantes" e cada vez que estivermos com o nosso "princípe encantado" falarmos de trivialidades, porque é que não escolhemos o primeiro que nos aparece?

Tantas horas a tentar decifrar quem é o tal, tanto choro, tanta discussão e depois da conquista queimamos o tempo a atirar a relação para o plano das tarefas domésticas e para o reino das coisas sem importância.

Para mim, o momento em que metemos a chave na porta é o momento em que depositamos as armas e deixamos cair a máscara.
Longe das guerras do dia, as mulheres podem transformar-se em Vénus e os homens em Adónis.
Já imaginaram a Vénus a dizer: "querido, vais estender a roupa?" ou Adónis, na sua esplêndida forma física, a insistir que lavou a loiça ontem e que hoje é a vossa vez?


Quem prefere receber um telefonema a meio do dia para passar pela lavandaria em vez do piroso "I just call to say I love you"?

Bah para afazeres! Tenho milhares de "to do lists" para provar que sou uma mulher real, com preocupações reais. Quero (bem à moda de Marion Zimmer Bradley) encarnar a deusa e libertar o alucinante mundo da fantasia.
... que se empilhem os pratos sujos, que a roupa limpa se esgote mas que a paixão reine no sítio onde sou somente eu, sem nenhum recurso ao artifício.

@David Lachapelle


Deixem-me lá brincar outra vez, como na infância, aos castelos na minha casa... ninguém de fora vai descobrir.
Imaginem o meu gozo quando chegar ao emprego no dia seguinte e encarar os meus colegas de trabalho... posso pensar para mim "vocês não sabem mas lá em casa sou uma princesa e vivo com um príncipe! Agora voltem a teclar no vosso computador e sintam-se importantes... Ahahah".