quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O povo do "cafezinho"

Não me tentem enganar... hoje em dia, está mais que provado que os descobrimentos serviram somente para encontrarmos o caminho mais rápido para o café! Que se lixem as especiarias, o café é que faz movimentar a vida dos portugueses.

Quando falo com raparigas estrangeiras que vivem em Portugal a queixa é sempre a mesma, quantos cafezinhos é que são necessários para os homens portugueses "desbloquearem"?
Aposto que se falasse com rapazes estrangeiros a opinião seria semelhante.

Não há laços sociais que se construam sem o café, o café é o nosso cimento que cola qualquer tipo de relação.

Além disso, se quiserem ter uma ideia de diversidade humana, encostem-se durante uns minutos ao balcão de uma cafetaria e reparem na quantidade de maneiras diferentes de pedir um singelo café: escaldado, curto, cheio, italiana, abatanado, e alguns que eu própria não sei muito bem o que querem dizer...



Qualquer relação que se preze em Portugal começou após um ou vários cafés. Digamos que é o nosso preliminar...

Se a pessoa nos interessar, marcar um "cafezinho" é o próximo passo óbvio. Nunca, jamais, marcar um jantar sem antes passar pelo café, irá parecer um abuso... uma precipitação. Cada coisa a seu tempo...

Mas o acto do cafezinho não é assim tão restrito, nem sequer é necessário que se tome o dito café durante a cerimónia, pode ser uma imperial, um croquete ou outro artigo qualquer.

O que se toma ou come não é importante para o "ritual do cafezinho" mas o café (local) tem ser trendy. Queremos obviamente impressionar a pessoa com quem estamos, mostrando que conhecemos os locais da moda, estamos "por dentro"... O que leva a outra pessoa a pensar que a nossa vida social é fantástica.
Isto justifica porque é que o Chiado está cheio de casais depois das 18h, Chiado é cool seja-se hetero ou gay.

Quando nos reencontramos com alguém que já não vemos há algum tempo, a nossa primeira frase é "temos que tomar um cafezinho um dias destes"!
O próprio diminutivo que os portugueses utilizam para o acto (cafezinho) manifesta a ternura do ritual.

Serve para tudo, meter a conversa em dia, aprofundar amizades, começar relações, etc.

Aquece-nos o coração, conserta-nos a vida social e tudo isto a menos de 1 euro! Devíamos dar lições a outros povos de como nos contentar com pouco...

Mas esta previsibilidade tem os seus inconvenientes, se o estado quisesse controlar a taxa de natalidade em Portugal, mandava a ASAE fechar os cafés do país.
Isto preocupa-me, não pela natalidade... mas com a idade que tenho e com a quantidade de relações que já tentei começar, por esta altura já estou viciada em cafeína...

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