quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Muletas Sentimentais

Acho que entre todos os vínculos de relações humanas possíveis há um que tem sido negligenciado e esquecido ao longo dos tempos.
Não pensamos neles mas no fundo eles dão mais afecto que os amantes e mais suporte que a família. São bem mais que amigos, são uma sub-categoria de amigos que devia ser promovido a uma categoria por si. São as chamadas "muletas sentimentais". 

São aqueles supra-amigos que estão nas alturas mais díficeis para nos agarrar a mão e oferecer o ombro ou o colo.
Com eles não temos vergonha de assumir as nossas fraquezas e de dizer que estamos mesmo "lixados" com "F" grande.
Podemos passar meses sem lhes dirigir a palavra mas na altura do sufoco é como se estivessem em speed-dial no nosso telefone, são a nossa primeira opção.


Não sei se vos acontece o mesmo que me acontece a mim, tenho amigos da altura do colégio que vejo algumas vezes no ano. Com esses amigos é como se não quisessemos estragar a fotografia que eles têm de nós de há décadas atrás. Esses estão completamente fora dos nossos fracassos sentimentais ou profissionais, para eles queremos sempre mostrar uma aura de sucesso e de auto-confiança. 
Se eles acreditarem que temos sucesso, é como se aquela jovem idealista que achava que conseguia mudar o mundo com um estalar de dedos, ainda existisse algures...

Mas há sempre os amigos do infortúnio, aqueles que tem um carisma qualquer que nos faz desabafar "o que nos vai na alma" logo a seguir ao bom dia.
Como eles não há medos estúpidos, fraquezas vergonhosas ou inseguranças infantis...  não há julgamentos, nem rótulos... apenas uma compaixão que não nos faz sentir fracos.

Precisamos dos amigos para nos convencer a nós próprios que somos fabulosos mas precisamos das nossas "muletas sentimentais" quando estamos demasiados cansados para fingir...

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