quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Turismo “Coronel Tapioca”


Adoro pessoas que vêm com uma superioridade confiante para uma terra que não é a deles.
Devem ser criaturas realmente superiores (por qualquer motivo que desconheço). Autênticos semideuses que nos concedem a honra da sua maravilhosa presença!

Pavoneiam-se por entre os locais e esbanjam arrogância para quem quer e para quem dispensa.
Acabam por visitar um país e em vez de verem uma forma diferente de viver e absorver novas experiências, acabam por fazer o que eu chamo de turismo "coronel Tapioca".

A mim, a marca “Coronel Tapioca” sempre me fez lembrar “pseudo-aventureiros” hiper-engomados. Ou seja, os radicais que não despenteiam um fio de cabelo.
Imagino sempre aqueles safaris em países africanos, onde anda num super jeep a observar criaturas exóticas…. por  trás de vedações… para não ser excessivamente perigoso ou excessivamente “selvagem”. Aventureiros do ar condicionado, porque selva “é giríssima mas é um horror de abafado”.

Então aquela mania europeia e norte americana que somos superiores à priori porque somos “mais desenvolvidos” e os países em vias de desenvolvimento são “os coitadinhos” a quem temos de oferecer coisas ocidentais porque eles, coitadinhos, não têm!

 @Ruven Afanador
Porque é que hão-de ter?
Para que é que eles necessitam desses bens supérfluos?
A nós? Faz-nos mais felizes ou completos? Ou torna-nos escravos de coisas completamente acessórias na vida?
Acho que ficámos cegos de passarmos a vida a olhar para a parafernália electrónica.

“Pobrezinhos”?

Por exemplo, em São Tomé e Príncipe, o país de África com menor PIB per capita, eles constroem casas em cima de praias azuis turquesa, com água pelo meio da canela da perna pescam chocos gigantescos que nunca verão congelador na vida, esticam a mão e têm banana pão para acompanhar, enterram as mãos na areia e têm um fantástico caranguejo para entrada e o “compal néctar” deles é um suculento côcô.
Se não lhes apetecer muito, não precisam de trabalhar.

“Pobrezinhos”?
“Pobrezinhos” de nós, que passamos a vida inteira a trabalhar para atingir o que lhes é dado à nascença.

Não sei onde se vende essa auto-estima radiante mas se encontrarem comprem-me 2 caixas sff.

1 comentário:

  1. Muito interessante o Blog, aqui tem-se uma perspetiva realista das coisas que muitas pessoas se recusam a ver e a compreender...

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